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Thursday, January 01, 2009

Nobody moves, Nobody gets hurt

O mormaço escaldante me irrita enquanto assisto o Freud, mistura de labrador com fila, assustando os pombos que param pra beber a água da piscina. Eu não posso beber água. Mas não estou com sede. Estou com fome. Mas não posso comer. Estou trancada do lado de fora da casa. Sim... Minha mãe decidiu que hoje ia dar uma com meu padrasto, então ela deixou subentendido que eu não deveria subir pro quartinho que fica no quintal da casa. Deixou uma rede pra mim do lado de fora, para o caso de eu querer tirar uma soneca no jardim. E duas latinhas de atum em algum lugar dentro da casa, junto do pão, para o caso de eu ficar com fome... já que eu só comi algumas batatas cozidas no almoço porque o resto era feijoada ou saladas que não conseguem se decidir se são salgadas ou doces, considerando que uma delas tinha frango misturado. Para mim só sobrou arroz e batata. Não me submeteria a tomar caldo de feijão misturado com carne outra vez. É nojento. Com tudo, acho que ela não pensou que fossem trancar a casa pelo lado de dentro. Pelo menos eu posso contar com a companhia do Freud (pena que ele seja um babão). E tenho o laptop do meu namorado. Esta última colocação merece uma ênfase:

Os conceitos de determinadas convenções e tradições foram se modificando com o tempo. Nos tempos medievais trovadores cantavam sobre heróis cavaleiros que salvavam suas amadas montados em seus cavalos e armados com suas espadas. Hoje eu visualizo um novo tipo de herói. Afinal de contas, salvamento melhor do que esse que meu namorado fez ao me emprestar seu notebook e seu mini-moden, só mesmo tendo vindo aqui "montado" num avião branco para me resgatar armado com um cartão de crédito para pagar as passagens de volta. Mas esta parte já seria conto de fadas. E eu odeio contos de fadas absurdos. Primeiro porque eles nunca acontecem. Segundo porque, se acontecessem, nunca dariam certo.

Os posts está ficando comprido. Oras, não me culpem. Que mais posso fazer!? Pegar a minha carteira e sair cidade a fora procurando por uma lanchonete? E depois me perder por horas e se por acaso eu me encontrar de novo, descobrir que meu braço é curto demais para alcançar a tranca pelo lado de dentro do portão. Aí eu não estaria, simplesmente, presa do lado de fora da casa. Eu estaria, literalmente, presa do lado de fora da casa!!! Não...não parece que me restaram muitas opções. Vou ter de esperar de dedos cruzados até que alguém acorde.

O que é isso? Uma pontinha de ressentimento? Parece até que vai chorar. De raiva.

Ainda bem que tem um lavabo do lado de fora da casa. Imagine não poder nem mesmo ir ao banheiro. Eu faria xixi na piscina deles ù.ú

FELIZ 2009!!! Imagine que eu nem consigo imaginar de quantas maneiras meu primeiro dia do ano poderia ser melhor do que isso.


Faltam apenas...UMA ETERNIDADE!

2 comments:

Anonymous said...

internet, a liberdade digital e, ao mesmo tempo "trancada". o blog, pelo menos, para expressar o momento. se cuide direitinho. te amo!

Lay said...

Que bom que ao menos tens Freud. Falta uma eternidade de dias e horas que parecem nem sequer compreender uma boa razão para passar voando por seu amigo vento e nos conceder dias curtos demais para serem notados até. Se cuide.