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Wednesday, November 26, 2008

Youth Gone Wild

Eu gostaria de perguntar a todos os senhores sentados na sala neste momento - todos aqueles que levaram uma vida pacata, correta e equilibrada e que, obviamente, já atravessaram a fase da juventude - se não há nada de que vocês se arrependam de não terem feito.
Obviamente que a resposta deve ser "sim" para a grande maioria. Mas - se ainda não ficou claro - o que quero perguntar, de fato, é se vocês não se arrependem de ter deixado de fazer determinadas coisas durante a sua juventude.
Como é que dizia aquela música? Devia ter amado mais, trabalhado menos, visto o sol se por? Pois é... Chego aos meus 17 anos. E, realmente, os anos estão slipping away. E eu já sinto que vou escrever uma música dessas. Que represente melhor a minha situação ou não-situação. Algo do tipo: Devia ter bebido mais, estudado menos, visto o sol nascer.

Depois de fazer um balanço da minha vida até aqui, nos meus 17 anos, percebo que... Bem, não é que eu me arrependa de ter estudado bastante, lido bastante, ter ficado metade da minha vida em casa, ter sido uma "antisocial" em determinadas ocasiões... Não é que eu me arrependa de ter sido uma boa filha... Mas eu não tenho muitas histórias pra contar do tipo: "subia as escadas de quatro e vomitava meu fígado". Ou coisas do tipo "tive tantos namorados e vi o sol nascer na praia com meus amigos...incontáveis vezes".

Ah! O problema não é não ter feito tantas coisas. O problema é que quando se é um bom filho...quanto melhor você se sai em tudo que você faz... mais os outros esperam de você. Mais rígidos eles se tornam. Ou talvez seja só algo que está em sua cabeça. Você mesmo se pressione para continuar sendo cada vez melhor. Mas ninguém a sua volta vai se queixar disso. Quer ser melhor? SEJA! Dê seus pulos! Ninguém vai virar pra você e dizer, infeliz, que você já é bom demais! Nunca se é bom o suficiente. Estude mais; Seja mais organizado; Seja menos esquecido; Não seja tão respondão; Seja menos antipático. Mais isso menos aquilo. SEMPRE.

Vire pra mim, inferno maldito, e diga de uma vez que eu nunca serei boa o suficiente ou prove-me que eu te dou orgulho e que você está satisfeito. Eu não quero ver ação, muito menos reação! Eu não quero ter que saber e descobrir essas coisas sozinha, quero é que você me diga, ora pois! E diga logo, antes que correr com tesouras pareça mais interessante do que cortar na linha pontilhada.

Eu não fui a muitos shows. Nenhum dos que almejei, de verdade, ir...mas isso é superável...até certo ponto. Eu nunca voltei muito tarde para casa. A não ser quando estava acompanhada de um "responsável" com ligação biológica. Eu nunca bebi até vomitar meu fígado. Eu nunca fugi de casa porque queria ver meu namorado. Eu mal consigo contar uma mentira a meus pais. Meu boletim tem mais de dezesseis notas 10. Sempre entre os primeiros da classe. Formada em Inglês, com diploma de Cambridge e tudo. Estudando francês e com vaga garantida no intercâmbio pra Alemanha. Parece tudo muito positivo, não? A filha que todo pai pediu a deus. É o que parece.

Me pergunto então, o que há de errado comigo. É comigo mesmo que há algo de errado? Para onde foi a loucura e o rock 'n' roll? Minha geração já é suficientemente hipócrita, preguiçosa e acomodada. Nada de protestos e gremios estudantis. Tava tudo pronto, de qualquer maneira. Nada de hippies correndo pelados e fumando maconha no woodstock. Nenhum músico polêmico e revolucionário... Onde está aquela célula revolucionária que deveria existir em todo coração, como eles me ensinaram em Edukators? E com tudo que ainda falta, tem professor que acha, literalmente, esquisito um aluno que lê Nietzsche enquanto todos os outros conversam e badernam na aula inútil dele.

Há pouco tempo minha vida parecia que tinha parado. A música não tocava mais. O carrosssel não girava. Nada estava vivo e nada saía do lugar. Mas para os outros estava tudo muito bem, normal e confortável do jeito que estava. É sempre tão fácil enganar essas pessoas. Eu até me admiro. Mas, por fim, algo mudou... Como um sopro que, finalmente, dava o impulso necessário pra transformar inércia em giro, em movimento variado... Um sopro de vida, indeed. Mas, abalar tamanha calmaria e tirar as pessoas de sua comodidade rotineira, é de causar protestos e contorcimento na galera toda!
Primeiro que ninguém nunca quer ver os filhos crescerem de verdade. Segundo que ninguém nunca está pronto pra "mudar". Mudar e Morrer...M&Ms... duas coisas temíveis para o ser humano. Bah! Eita povo ridículo.

Cansei de ser "perfeita" e não ouvir o que gostaria de ouvir por isso. Então eu digo o que já havia dito há muito tempo, mas nunca posto em prática:

Je vous donne ma révolution!


C'est ça! Et c'est pas finni.

2 comments:

Anonymous said...

ufa... perdi o fôlego. pq, inconscientemente, desde o início, prendi a respiração. já me senti tanto assim. nunca se é suficientemente bom... pior qdo alguem estranho vem e diz: é bom. aí quem deveria ter reconhecido, o q faz?

love ya.

Lay said...

Realmente também já pensei nisso e tantas vezes já discuti por tal. Mas enfim, eu cansei. Hoje eu apenas fico furiosa e saio de perto dessas pessoas.