Pages

Friday, December 19, 2008

R.I.P

Não mais respirava, nem se mexia. No entanto, parecia dormir tranquila. E cheirava a margaridas... Brancas. E eu nada sentia. Nada que transcendesse os cinco sentidos básicos.
O caixão era muito pequeno e...muito pesado. Meu irmão não tinha forças emocionais para ajudar a carregar. Eu carreguei.
Missa. Pernas balançando, olhar ansioso, braços cruzados. A missa é a parte mais difícil. É sempre difícil fingir dentro daquelas paredes cheias de olhares de penitência e palavras ecoando falsa salvação. Uma hora. Uma eternidade. Quase todos choram, mas todos rezam. Eu me concentro em fingir como posso. Mas nada de acompanhar as orações. Sentar "paciente" e levantar ao comando é o suficiente. Com meu maior esforço.
As palavras mais religiosas que pronunciei: "Deus me livre". Quando, após subir ladeiras e mais ladeiras levando o caixão, chegamos ao cemitério e assistimos taparem a cova com tijolos e cimento. Foi a primeira frase espontânea do dia.
Enfim, acabou. O que fazer depois? Assistir DVD novo do Linkin Park.
Por enquanto, é como eu encaro a morte. Fria e estéril como o próprio moribundo.
Se Maria Elisabete se foi...que tenha ido em paz. Se não foi, que vá logo. Se simplesmente acabou, ótimo - no meu ponto de vista.

2 comments:

Lay said...

Parecia deveras que descansava. Uma eternidade de palavras sem fundamentos. Ótimo DVD.
''A morte... fria e estéril como o própio moribundo'' isso realmente me parece verdade, muito me agradou essa frase.
Que ela tenha ido em paz.

Anonymous said...

filosoficamente racional...
;)

[te amo]